Às vésperas de completar uma semana do rompimento da barragem de Brumadinho, nos arredores de Belo Horizonte, moradores que buscam informações de desaparecidos ainda sofrem com a falta de dados. Eles dizem que, desde a tragédia, a rotina é a mesma: ir diariamente à Central de Informações para verificar possíveis atualizações. Mas à medida que o tempo passa, a esperança diminui.

Antônio Carlos Castro, supervisor de manutenção industrial, que trabalhava como terceirizado na Vale, busca o genro, casado com a filha, e pai de duas crianças de 6 e 2 anos.

“Tenho pouca esperança agora”, disse Castro, sem esconder o desânimo. “Ele era mais do que um genro, era um filho”, completou. “É duro. O cara formar, ter família, e ficar no além.”

De acordo com Castro, a possibilidade de ocorrer um acidente jamais passou pela cabeça de um funcionário seja terceirizado ou da própria Vale. Segundo ele, a empresa era muito severa nos itens de segurança, como luvas, máscaras e calçados. “Ninguém imaginava isso por causa do regime da Vale que é de muita segurança.”
Sepultamento digno

A exemplo de Castro, Adir Fernandes Ribas, técnico terceirizado da Vale, procura informações sobre o irmão, que estava trabalhando no momento do acidente. Ele disse que vai todos os dias em busca de informações, já coletou material de DNA, entregou objetos pessoais do irmão para a equipe responsável e foi até o Instituto Médico-Legal (IML).

“Eu queria ao menos o corpo dele para fazer um sepultamento digno. É isso que eu quero”, desabafou. “É só angústia, tem dias que recebo 200, 300 ligações de amigos, mas até agora nada”, acrescentou. “É muita tristeza”, disse.

Castro e Ribas foram hoje ao posto de cadastro montado pela Vale para inscrição de famílias atingidas pela tragédia. Cada família receberá da empresa o valor de R$ 100 mil por pessoa desaparecida ou morta.

Resgate
A Defesa Civil de Minas Gerais informou hoje (31) que aumentou o número de mortos no desastre da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, nos arredores de Belo Horizonte. Pelo último balanço, são 110 mortos, 238 desaparecidos e 394 identificados. Dos mortos, 71 foram identificados por exames realizados pela Polícia Civil. Também há 108 desabrigados e seis pessoas hospitalizadas.

A Polícia Civil toma depoimentos de sobreviventes e coleta amostras de DNA. Segundo a Polícia Civil, foi coletado material de 210 pessoas que representam 108 famílias. Os trabalhos vão prosseguir.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, mais de 360 militares atuam na párea com apoio de 15 aeronaves e 21 cães farejadores. Ontem (30), chegou uma equipe de Santa Catarina e uma aeronave do Espírito Santo. Há, ainda, 66 voluntários, que atuam entre área seca e a inundada. Estes voluntários são pessoas com qualificação técnica.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here