O câncer de mama é o que mais atinge mulheres no Brasil. Segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), 66 mil novos casos deverão ser registrados por ano no triênio 2020-2022. Com a detecção em fase inicial, no entanto, a chance de cura chega a 95%. É por esse motivo que, desde a década de 1990, o mês de outubro é mundialmente marcado por ações de conscientização e prevenção contra a doença. Considerando a informação como o melhor remédio para a contenção da doença,  vamos esclarecendo as principais dúvidas sobre o câncer de mama.

“Apenas de 5% a 10% dos casos de câncer de mama são causados por uma mutação nos genes BRCA1 e BRCA2, que são alterações transmitidas de pais para filhos”, explica a mastologista Viviane Fernandes Schiavon, médica pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP e profissional da Divisão de Mastologia e Oncologia do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Há 13 anos no setor, ela enumera alguns dos fatores de risco que estão por trás da maioria dos casos da doença:

  • Mulheres a partir dos 50 anos
  • Menstruação precoce (antes dos 12 anos)
  • Menopausa tardia (após os 55 anos)
  • Primeira gravidez após os 30 anos
  • Obesidade e sedentarismo
  • Alto consumo de bebidas alcoólicas

Erroneamente associados à doença, o uso de sutiã com aro e desodorantes não aumentam a incidência para o câncer de mama. Raciocínio semelhante se aplica à hipótese de que fazer biópsia para o diagnóstico do tumor “espalharia” as células no corpo. “Pelo contrário, quanto mais tempo demorarmos para diagnosticar, mais difícil será o tratamento”, explica a médica.

Mamografia

Geralmente, o primeiro sintoma do câncer de mama notado pelo paciente é o nódulo (tanto no caso das mulheres, quanto no dos homens – que representam apenas 1% dos quadros de câncer de mama no país). Pele da mama avermelhada ou retraída, saída de secreção de líquido anormal dos mamilos e ínguas nas axilas (espécies de “carocinhos”) também podem denunciar a doença.

Para além do autoexame, um dos principais instrumentos de controle e identificação desses sinais é a mamografia. “Só essa checagem consegue detectar tumores de mama em tamanhos bem pequenos, menores que 1 cm e, por isso, é a única maneira comprovada que realmente ajuda a reduzir o número de mortes pela doença”, explica Viviane, que também faz parte do corpo clínico da MamaCenter, em Ribeirão Preto.

Segundo o Inca, todas as mulheres entre 50 e 69 anos devem fazer a mamografia uma vez a cada dois anos. Outras sociedades médicas orientam iniciar esse rastreamento um pouco antes, a partir dos 40 anos, como é o caso da Sociedade Brasileira de Mastologia, o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).

Pesquisa Nacional de Saúde 2013 (PNS), a mais recente realizada no Brasil, mostra que 3,8 milhões de mulheres de 50 a 69 anos nunca realizaram mamografia, o que corresponde a 18,4% da população feminina nessa faixa etária.

Se toda a população feminina realizasse o exame, disponível a partir dos 50 anos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), “o número de mortes pela doença seria significativamente reduzido” no país, avalia a mastologista.

Entre os benefícios do diagnóstico precoce, ela cita a possibilidade de aplicação de tratamentos menos agressivos. “Em termos de cirurgia, conseguimos fazer operações conservadoras, sem a necessidade de retirar toda a mama”, explica. A hormonioterapia, uma versão menos agressiva comparada à quimioterapia, também pode ser aplicada em quadros de tumores menores.

Ainda que a opção seja pela retirada total da mama, diversas técnicas atuais já conseguem reconstruir o membro, a exemplo de próteses, expansores ou uso de retalhos retirados do próprio organismo do paciente.

Como a doença incide de diferentes formas, seu tratamento é completamente personalizado. O importante, lembra Viviane, é “que as mulheres percam o medo do diagnóstico para que consigam ser tratadas em tempo hábil”.

Para evitar a doença, ela recomenda aliar dois hábitos exaustivamente apontados por estudos como o segredo para uma vida mais saudável: dieta balanceada e prática regular de atividades físicas. Durante o tratamento, lembra, elas são igualmente válidas. “O apoio de familiares e amigos também é muito importante”, acrescenta.

Direitos 

Pouco disseminados, os direitos da paciente com câncer foram reunidos abaixo pela médica Viviane à pedido.:

  • Direito ao tratamento pelo SUS (e este deve ser iniciado o mais precocemente após o diagnóstico);
  • Tanto pelo SUS quanto pelos planos de saúde, direito de  realizar a reconstrução mamária (o melhor momento para sua realização vai ser discutido com os médicos mastologista, oncologista e radioterapeuta);
  • Pacientes que foram submetidas a linfadenectomia axilar com restrição de movimentos do braço têm direito a mudança da carteira de motorista e benefícios na compra de carros para PcD; e
  • Após o diagnóstico de câncer de mama, a paciente também tem isenção de imposto de renda e pode retirar o FGTS durante o tratamento.

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