É paciente do SUS (Serviço Único de Saúde), atendido pela Santa Casa de Marília, o primeiro paciente da região submetido a um procedimento de hemodinâmica, ou seja, sem a necessidade de cirurgia convencional, para implante de uma prótese valvar aórtica. O dispositivo foi inserido através de técnica totalmente percutânea, realizada pela artéria femoral (região da virilha) do paciente. É a primeira vez que um serviço médico realiza o procedimento na região.

O paciente beneficiado é um homem de 80 anos, morador na cidade de Echaporã (40 quilômetros de Marília), portador de estenose aórtica grave. A cirurgia foi contraindicada pelo alto risco de complicações. A intervenção minimamente invasiva foi realizada na manhã de terça-feira (05) e a expectativa da equipe médica é que a alta nesta sexta (08).

O procedimento mobilizou a Hemodinâmica e também deixou de prontidão os cirurgiões cardíacos da Santa Casa. A equipe foi coordenada pelos hemodinamicistas Pedro Beraldo de Andrade, responsável pelo serviço local, e pelo médico visitante e professor Luiz Alberto Mattos, que atua na Rede D’Or São Luiz em São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco.

A técnica foi idealizada em 2002 na França e está em constante evolução tecnológica. É empregada sem anestesia geral (sedação consciente), através de uma punção da artéria femoral (sem cortes cirúrgicos), possibilitando uma recuperação e alta hospitalar precoces.

“Aproximadamente 30% dos pacientes com indicação de troca valvar aórtica (cirúrgica) permanecem em tratamento conservador, pelos riscos associados à técnica, sendo a idade avançada e a presença de comorbidades os principais fatores limitantes. Com isso, o prognóstico e a sobrevida acabam comprometidos”, explicou Pedro Beraldo de Andrade, coordenador da Hemodinâmica da Santa Casa.

Devido a inovação e às pesquisas envolvidas em sua concepção, os custos associados ao procedimento ainda são altos, por isso, ainda é indicado apenas a pacientes com contraindicação à cirurgia convencional. A prótese implantada em Marília tem custo de R$ 130 mil e foi obtida mediante uma doação.

“Demonstrada sua eficácia e segurança em longo prazo, com resultados comparáveis aos da cirurgia convencional, a tendência é que se amplie a indicação para pacientes de menor risco, com a possibilidade de tornar-se a técnica de eleição em um futuro próximo”, vislumbra Dr. Pedro Beraldo.

O sucesso do procedimento também foi comemorado pelo professor Luiz Alberto Mattos, que atua em um dos mais reconhecidos serviços do país. Há cerca de 10 anos, ele atuou de forma conjunta na equipe que reestrutuou a Hemodinâmica da Santa Casa de Marília.

“Tive a felicidade de participar da geração desse ‘embrião’, ao lado de outros colegas, quando trabalhamos na restruturação da unidade. Na época eu trouxe meus alunos (especialização) e hoje alguns deles estão aqui, trabalhando com excelência, oferecendo a mais alta tecnologia e qualidade, colocando a Santa Casa ao lado dos serviços de hemodinâmica das capitais e dos grandes centros do Brasil”, disse o professor.

O provedor da Santa Casa de Marília, empresário Milton Tédde, destacou a satisfação com o pioneirismo do hospital, que preserva a vocação de oferecer o melhor para os pacientes do SUS. “Não medimos esforços para empenhar tecnologia, médicos excelentes e pessoas preparadas para cumprir a nossa missão. Isso é o que a sociedade espera de nós”, afirmou o gestor.

NOVA SALA – O coordenador da Hemodinâmica, Pedro Beraldo de Andrade, lembra que as equipes cardiológicas (hemodinamicistas e cirurgiões) contam com respaldo e incentivo da direção do hospital. Ele ressaltou o avanço das obras de construção da nova sala de procedimentos, que encontram-se em fase avançada.

Será instalado um novo aparelho para procedimentos minimamente invasivos, com tecnologia alemã Siemens, somando-se à estrutura já existente. “Este investimento é fundamental para que a equipe acompanhe e esteja na vanguarda do conhecimento científico e de suas aplicações práticas, tendo como beneficiário final nossa população”, finalizou o médico.

Paciente passou pelo mesmo procedimento que o apresentador Jô Soares
Em seu programa de TV, no último dia 30 de março, o apresentador Jô Soares revelou ter passado por um procedimento para tratar uma estenose da válvula aórtica, o mesmo caso do paciente de Echaporã atendido na Santa Casa de Marília.

O artista fez a revelação durante entrevista com os médicos Pedro Lemos e Flávio Tarasoutchi. “Eles salvaram a minha vida. Posso dizer que fiquei com um coração novo”, declarou Jô.

Segundo o apresentador, o problema cardíaco começou como um sopro no coração e, com o passar do tempo, se transformou em uma estenose da válvula aórtica. Ele contou ainda que pretendia programar a intervenção para 2017, mas um dos médicos o convenceu a adiantar. “Eu perguntei se não fizesse logo o que poderia acontecer e ele respondeu: ‘morte súbita’”, arrematou Jô Soares, com o humor característico.

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