SP - 1º DE MAIO/SÃO PAULO - POLÍTICA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a festa do Dia do Trabalho no Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, nesta sexta- feira. 01/05/2015 - Foto: FáBIO VIEIRA/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO

Alvo de mandados de busca e apreensão e forçado a depor à Polícia Federal sobre benesses recebidas de empreiteiras investigadas no petrolão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva relatou nesta quarta-feira a senadores da base aliada que não pretende se tornar ministro do governo Dilma Rousseff. A estratégia, estimulada por petistas e parlamentares da base aliada, serviria para que ele tivesse foro privilegiado e, só podendo ser processado no Supremo Tribunal Federal (STF), conseguisse se livrar da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba e do juiz federal Sergio Moro.

“Ele fez questão de dizer que não teve convite [para ser ministro] e que não cogita. Ele disse que para ajudar o Brasil não precisa ter cargo para exercer ou ocupar cargo de ministro. Ele pode fazer de qualquer maneira”, afirmou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que reuniu senadores aliados e o próprio Lula em um café da manhã em Brasília.

No encontro, segundo o relato dos presentes, Lula ouviu apelos para que substituísse Nelson Barbosa no Ministério da Fazenda ou que encampasse a articulação direta do Palácio do Planalto com o Congresso, onde a base governista está esfacelada e tem dificuldades em aprovar projetos de interesse do Executivo. A versão Lula-ministro é estimulada pelo PT e encarada como uma forma instantânea de garantir foro ao ex-presidente, que é investigado na Operação Lava Jato por suspeitas de ter recebido vantagens indevidas de empreiteiras enroladas com o petrolão.

Em 2004, o próprio Lula, enquanto presidente, usou o status de ministério para blindar um aliado de primeira hora. Na época, ele editou uma medida provisória para transformar o Banco Central, então comandado por Henrique Meirelles, em uma pasta com prerrogativas de ministério. Meirelles era alvo de suspeitas – depois arquivadas – de lavagem de dinheiro, crime contra o sistema financeiro nacional e crime eleitoral. No atual governo, os ministros Edinho Silva (Secretaria de Comunicação) e Aloizio Mercadante (Educação) são investigados por suspeitas de terem recebido dinheiro de caixa dois de campanha. Sem foro privilegiado, os inquéritos contra eles seriam analisados na 1ª instância.

Aos senadores, Lula voltou a reclamar da Operação Lava Jato e mais uma vez se colocou como vítima e alvo de “perseguição” do Ministério Público e da Polícia Federal. De acordo com relato do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), o ex-presidente afirmou que sua condução coercitiva, determinada pelo juiz Sergio Moro na 24ª fase da Lava Jato, era “ilegal”. “Ele disse que é perseguição aquela condução coercitiva ilegal, aquilo foi uma prisão ilegal”, disse Farias, ele próprio investigado na Lava Jato e um dos senadores que mais tem criticado as medidas de investigação contra o ex-presidente.

“Ele está indignado com a atitude tomada [de levá-lo para depor]. Quando qualquer um é convidado a fazer um depoimento e nega, aí sim você é levado coercitivamente, mas isso não aconteceu. Por isso a indignação do ex-presidente”, completou o senador Hélio José (PMB-DF).

Fonte. veja.com.br

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