A decisão sobre o pedido de extradição de José Maria Marin, ex-presidente da CBF, da Suíça para os Estados Unidos foi adiada para a semana que vem. Fontes próximas ao caso indicaram à reportagem que o processo deveria estar concluído até dia 18. Mas, diante da presença da procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch, na Suíça a defesa dos acusados pressionou para que os casos fossem julgados só depois de sua passagem pelo país.

Além de Marin, outros cinco dirigentes do futebol estão detidos em Zurique e aguardam também extradição. A defesa dos acusados alertou que uma decisão de extradição aos Estados Unidos com a presença da representante americana na cidade daria uma sinalização de que Washington estaria ditando o ritmo do processo. Agora, a nova previsão é de uma decisão entre os dias 22 e 24 de setembro.

O Estado revelou com exclusividade que Marin poderá aceitar sua extradição aos Estados Unidos. Apesar de caber uma apelação à decisão dos suíços, sua defesa considera que, se o julgamento for “forte”, ele abrirá mão de um recurso, o que prorrogaria o caso até o final do ano.

Marin e outros seis cartolas foram detidos no dia 27 de maio na cidade suíça à pedido da Justiça americana. Um dos dirigentes, Jeffrey Webb, aceitou de forma voluntária ser extraditado aos Estados Unidos. Mas os demais, entre eles Marin, optaram por questionar o processo. No caso de Marin, seus advogados apresentaram uma defesa baseada no fato de que não existiria base legal para a extradição e que as provas seriam “frágeis”.

Segundo o inquérito dos americanos, Marin teria pedido que parte da propina relativa aos direitos de transmissão da Copa do Brasil fosse direcionado a ele, numa conversa gravada com o empresário José Hawilla. Ele também aparece quando uma das empresas que comprou os direitos para a Copa América indica a distribuição de propinas para os dirigentes sul-americanos.

Caso os suíços optem por extraditar o brasileiro para os Estados Unidos, Marin poderá ainda recorrer, o que deve arrastar o processo até o final do ano. Inicialmente, seus advogados indicaram que essa seria a estratégia.

Mas, agora, montaram pelo menos dois cenários diferentes. Se sentirem que a sentença é “frágil”, um recurso de fato vai ser apresentado e vão recomendar a Marin que “aguente firme” na prisão por mais alguns meses.

Mas caso a decisão dos suíços de sinais de que não estão dispostos a reconsiderar o caso, a defesa do brasileiro acredita que apresentar um recurso seria apenas “perda de tempo” e que apenas prolongaria a permanência de Marin na prisão de Zurique.

O brasileiro tem um apartamento em Nova York e, pela lei, poderia negociar uma fiança milionária com os Estados Unidos que o permitisse ficar em prisão domiciliar enquanto o julgamento ocorre.

Uma fonte que esteve recentemente com o brasileiro contou que o cartola está “ansioso” diante da aproximação da data da decisão, e que deseja “mudar de ambiente”. Sem falar inglês ou alemão, Marin se comunica pouco na prisão. Ele passou os mais de três meses em que está detido apenas lendo. Para garantir que o preso de 84 anos não se sentisse isolado, seus advogados organizaram uma agenda de três visitas semanais, apenas para manter ocupada a semana do cartola.

Quem esteve com ele conta que já não fala mais de futebol, não pergunta nem da seleção brasileira e nem do São Paulo, seu time. Ri pouco, anda sério e de cabeça baixa e apenas abraça quem o visita. Os visitantes ainda tentam animar o cartola com histórias e dizem que o foco no Brasil já mudou para a CPI do Futebol e a situação de Marco Polo Del Nero. Para testar se ele não entraria numa depressão ou lapso de memória, seus advogados ainda fazem perguntas para avaliar suas respostas.

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