Indicado pelo presidente Michel Temer para o comando do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União (CGU), o ministro Osmar Serraglio (PMDB-PR) foi citado e flagrado em grampo da Operação Carne Fraca, que apura um esquema de pagamento de propinas envolvendo frigoríficos e fiscais do Ministério da Agricultura. À frente da CGU, uma das principais atribuições de Serraglio será o combate à corrupção na administração pública federal.
A pasta é responsável no governo federal por ações de prevenção e combate à corrupção, auditoria pública e ampliação da transparência da gestão pública.
Osmar Serraglio deve deixar a chefia do Ministério da Justiça para assumir a cadeira de ministro da Transparência. Ele, entretanto, ainda não confirmou publicamente se aceitará mudar de endereço na Esplanada dos Ministérios ou se vai preferir retomar o mandato de deputado federal.
Para o lugar de Serraglio na Justiça, o presidente da República nomeu neste domingo (28) Torquato Jardim, jurista e ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que estava até então na chefia do Ministério da Transparência. Ele é amigo de Temer há mais de três décadas.
Segundo a colunista do G1 Andréia Sadi, Serraglio disse a peemedebistas que vai avaliar nesta segunda-feira (29) se aceita o convite para assumir o Ministério da Transparência.
Osmar Serraglio apareceu em um dos grampos da Operação Carne Fraca. Na ligação, o agora ex-ministro da Justiça fala com um dos líderes do esquema investigado pela Polícia Federal, o ex-superintendente regional do Ministério da Agricultura no Paraná Daniel Gonçalves Filho.
Ele chama o ex-superintendente de “grande chefe” na conversa telefônica interceptada pelos agentes federais e fala sobre a ameaça de fechamento de um frigorífico.
Leia a transcrição da conversa:
Osmar Serraglio: grande chefe, tudo bom?
Daniel Gonçalves Filho: tudo bom
Osmar: viu, tá tendo um problema lá em Iporã, cê tá sabendo?
Daniel: não
Osmar: o cara lá, que… o cara que tá fiscalizando lá… apavorou o Paulo lá, disse que hoje vai fechar aquele frigorífico… botô a boca… deixou o Paulo apavorado! Mas pra fechar tem o rito, num tem? Sei lá. Como que funciona um negócio desse?
Daniel: deixa eu ver o que acontecendo… tomar pé da situação lá tá… falo com o Senhor (…)
À época em que a operação foi deflagrada, a PF informou que não havia indício de crime por parte do então ministro da Justiça.
No entanto, o ex-assessor parlamentar da Câmara Ronaldo Sousa Troncha afirmou à Polícia Federal que Osmar Serraglio participou da indicação de Daniel Gonçalves Filho para a chefia da superintendência paranaense do Ministério da Agricultura.
De acordo com o ex-assessor, o ex-ministro da Justiça fez parte de um grupo de sete deputados federais do Paraná ligados ao PMDB que formalizaram a indicação de Daniel Gonçalves Filho para o cargo.
Troncha disse não se lembrar a data exata da indicação, mas disse que se recorda que foi próximo ao ano de 2008. À época, Serraglio era deputado federal pelo PMDB do Paraná. O peemedebista nega ter indicado o fiscal.
Na avaliação do colunista do G1 e da GloboNews Gérson Camarotti, Serraglio era considerado pelo Palácio do Planalto “um ministro fraco”. De acordo com o colunista, o núcleo político próximo a Temer se queixava que ele não tinha influência no comando da PF e não conseguia interferir nos rumos da Lava Jato.
O presidente da República, segundo Camarotti, decidiu colocar Torquato à frente do Ministério da Justiça por considerá-lo com personalidade suficiente para retomar o controle da Polícia Federal.