Deputados federais eleitos pela região, receberam recursos do grupo JBS, principal conglomerado brasileiro do setor de carnes, que ajudou a eleger um em cada três dos integrantes da Câmara e do Senado, segundo Matéria publicada no Jornal O Estado de São Paulo desta segunda-feira (22). O grupo foi o principal financiador privado de candidatos na eleição de 2014.

O deputado Capitão Augusto (PR), de Ourinhos, recebeu um repasse através do Diretório Nacional do partido com valor de R$ 50 mil, em cheque, no dia 10 de setembro de 2014.

Segundo a assessoria do deputado, os repasses foram feitos pelo partido sem qualquer contato do parlamentar com a JBS e sem qualquer compromisso de votar a favor ou contra qualquer medida. Ainda segundo a assessoria, os recursos estão todos declarados como caixa 1 e capitão Augusto não tinha qualquer informação sobre qualquer acordo do diretório nacional com a JBS.

O deputado federal Milton Monti (PR), de São Manoel, recebeu o maior volume de recursos: R$ 400 mil em dois cheques iguais de R$ 200 mil. O primeiro pagamento foi feito no dia 2 de outubro e o segundo no dia seguinte, ambos com repasse pelo diretório nacional.

Segundo sua assessoria, o deputado federal Milton Monti afirma que não teve e não tem nenhuma relação com o Grupo JBS. “As doações da JBS destinadas à campanha eleitoral do deputado não foram solicitadas
por ele, mas repassadas, na forma da lei, diretamente pelo seu partido, o PR, e constam em sua prestação de contas à Justiça Eleitoral. Milton Monti esclarece ainda que, uma vez vindos do partido, não caberia a ele questionar a origem dos recursos.”

Walter Ihoshi (PSD), de Marília, recebeu R$ 250 mil transferidos em dois repasses da Direção Estadual do PSD. O primeiro no dia 1 de agosto de 2014 foi feito em cheque no valor de R$ 200 mil e o segundo, no dia 15 do mesmo mês, em novo cheque, de R$ 50 mil.

Segundo a assessoria do deputado, “referida doação foi feita pelo partido, sendo respeitadas as normas e legislações vigentes à época. No sentido de trazer maior transparência à origem dos recursos, afirmamos que não houve qualquer relação direta entre a empresa doadora e o deputado – ou seja, os repasses vieram da direção estadual do partido.”

A assessoria de Ihoshi divulgou ainda que o parlamentar “defende ampla e profunda investigação sobre os fatos que referida empresa tornou públicos, e a responsabilização dos eventuais envolvidos em quaisquer ilícitos que venham a ser comprovados.”

A campanha de do Deputado Abelardo Camarinha (PSB) recebeu R$ 53 mil em uma transferência eletrônica de recursos registrada no dia 13 de agosto de 2014. Segundo a assessoria do deputado, Camarinha recebeu os recursos do partido, não teve qualquer contato para o repasse e nem qualquer informação sobre qualquer acordo para a doação dos recursos. “As doações foram repassadas a todos os deputados do partido, foi feita de forma oficial e declarada”, diz o deputado.

Nos casos dos deputados federais foram repasses registrados como receitas enviadas pelos diretórios dos partidos e que registram a JBS como “doador originário”. Camarinha, ex-prefeito de Marília e deputado estadual pela terceiria vez, registrou a receita como repasse do Comitê Financeiro Único do partido e também aponta a JBS como doador originário.

O diretor da JBS Ricardo Saud disse em depoimento para acordo de delação premiada que a empresa repassou recursos a 1.829 candidatos, de 28 partidos.

Segundo Saud, foram eleitos com apoio da JBS 167 deputados federais, de 19 partidos. “Aqui estão todas as pessoas que receberam propina diretamente ou indiretamente da gente”, disse o executivo na entrega dos documentos ao Ministério Público, em encontro que foi filmado. A gravação integra documentos encaminhados ao STF para homologação da delação premiada.

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