A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) divulgou uma nota ontem (16) condenando as agressões cometidas por manifestantes contra repórteres, durante protesto de servidores públicos em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Segundo a ABI, as agressões representam uma “grave ameaça à liberdade de imprensa e ao livre acesso à informação, assegurados pela legislação em vigor. Atos dessa natureza são inaceitáveis em um Estado Democrático de Direito”.

De acordo com a nota, o repórter da TV Globo, Caco Barcellos, foi perseguido por algumas pessoas e chegou a ser atingido na cabeça por uma garrafa de água e um cone de trânsito. Antes disso, outro repórter havia sido agredido com um pontapé e perdeu os óculos ao escapar do grupo que o perseguia.

“A ABI espera que esses episódios de violência não se repitam diante da péssima repercussão que sempre produzem na imagem do país, onde o jornalismo no Brasil é visto, no exterior, como uma atividade de risco. A história tem mostrado como manifestações de intolerância política contra órgãos de imprensa costumam sempre terminar”, encerra a nota.

Entenda o caso:
O protesto de servidores na tarde desta quarta-feira (16) contra pacote de medidas fiscais proposto pelo governo do estado foi marcado por confronto, tumulto e agressões a jornalistas.

Os manifestantes concentraram-se em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para acompanhar a votação de dois projetos que fazem parte do pacote. O protesto começou tranquilo e ficou tenso depois que manifestantes tentaram ocupar a escadaria do prédio e derrubaram a grade de proteção. A polícia reagiu com bomba de gás, spray de pimenta e até cavalos para conter os manifestantes e impedir a entrada deles na assembleia. Comerciantes fecharam as portas com medo de depredação.

Agressões
Quatro jornalistas foram agredidos por manifestantes quando faziam a cobertura do protesto. A maioria dos manifestantes era de policiais militares, bombeiros e agentes penitenciários. O repórter Caco Barcelos, da Rede Globo, foi hostilizado e agredido quando gravava uma reportagem. Ele acabou sendo expulso do local, sob gritos, vaias, agressões físicas e objetos foram jogados em sua direção. O repórter Guilherme Ramalho, do jornal O Globo, também foi agredido e impedido de trabalhar.

O repórter Gustavo Maia, do portal de notícias UOL, teve o celular arrancado de sua mão pelo tapa de um manifestante, quando gravava o protesto. O aparelho não parou de gravar mesmo após cair no chão. O rosto do agressor pode ser visto nas imagens. Um repórter do G1 teve a máscara de proteção arrancada de seu rosto e ainda levou um soco no braço. Quando se identificou como repórter, ele foi xingado.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro criticou em nota, divulgada nesta noite, as agressões aos jornalistas. “O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro repudia o recrudescimento das agressões a jornalistas no exercício de suas funções. Hoje, durante as manifestações que vêm acontecendo em frente à Alerj, contra as propostas restritivas ao funcionalismo público, feitas pelo governo do estado, diversos profissionais foram agredidos. Essa prática de agressão a jornalistas está se tornando um hábito nefasto, que fere o direito à informação e espelha o ódio e o desrespeito cada vez mais presentes em determinados segmentos da sociedade”, disse a entidade.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here