Cerca de 14 milhões de crianças do Oriente Médio foram afetadas pelos conflitos que devastam a Síria e parte do Iraque e que obrigaram muitos deles a se deslocarem internamente ou a outros países, denunciou nesta quinta-feira a Unicef. Em comunicado, a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para a infância assegurou que a situação de 5,6 milhões de crianças da Síria, que entra no quinto ano de conflito, é “desesperadora”. Deste número, cerca de 2 milhões vivem sitiadas em zonas às quais a ajuda humanitária não tem acesso devido aos combates.

A Unicef acrescentou que 2,6 milhões de crianças sírias não podem comparecer à escola e que outros 2 milhões vivem em campos de refugiados do Líbano, Turquia e Jordânia, assim como em outros países. A estes dados é preciso somar a difícil situação que atravessam outros 3,6 milhões de menores procedentes de comunidades vulneráveis dos Estados vizinhos da Síria, que também estão sofrendo a deterioração dos serviços educativos e de saúde em seus países por causa da chegada em massa de refugiados.

Quanto à crise no Iraque, a escalada da violência forçou cerca de 2,8 milhões de crianças a abandonar seus lares, enquanto muitos outros estão presos em zonas controladas por grupos armados, segundo a Unicef. “Para as crianças menores, a crise é tudo o que conheceram. Para os adolescentes, em etapa de formação, a violência e o sofrimento não só aterrorizaram seu passado, mas determinam seu futuro”, lamentou o diretor-executivo da Unicef, Anthony Lake. Na opinião de Lake, ao completar o quarto ano de conflito na Síria, que começou em março de 2011, “a juventude está em perigo de se perder no ciclo de violência”.

Responsabilidades – A comunidade internacional é, em parte, responsável pelo “ano mais sombrio” que já viveram os civis atingidos pelo conflito na Síria, por não conseguir administrar o crescente desastre humanitário, afirmaram várias organizações não governamentais em um relatório publicado nesta quinta. O relatório firmado por 21 organizações critica a incapacidade dos Estados para aplicar uma série de resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas visando proteger os civis afetados pela guerra deflagrada há mais de quatro anos.

A ONU aprovou três resoluções em 2014 para que as partes em conflito protegessem os civis, com o objetivo de garantir que milhões de pessoas tivessem acesso à ajuda humanitária. Em 2014 o conflito sírio deixou ao menos 76.000 mortos; e desde 2011, o número de óbitos já ultrapassa 210.000. O relatório acusa as forças sírias e os rebeldes de atacar infraestruturas civis, incluindo escolas e hospitais, e de impedir a chegada da ajuda humanitária. O documento destaca ainda que em 2014 apenas 57% dos fundos necessários para a entrega de material humanitário foram recebidos, contra 71% em 2013.

O texto, firmado por organizações como Oxfam, Comitê Internacional de Resgate e Save the Children, afirma que 7,8 milhões de sírios vivem atualmente em zonas catalogadas pela ONU como “de difícil acesso” para a entrega de assistência, mais que o dobro em relação a 2013. “Em toda a Síria, as crianças não estão recebendo educação, já que não podemos chegar até eles, muitas escolas foram destruídas e os pais têm medo de mandar seus filhos para o colégio”, destaca Roger Hearn, diretor regional da organização Save the Children.

(Da redação)

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