Auditoria interna da Petrobras mostrou que a estatal comprou equipamentos antes de definir o modelo de negócio e a estrutura de produção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). A aquisição sem critério levou a um prejuízo de mais de 1 bilhão de reais, dinheiro gasto para evitar a deterioração de aparelhos e unidades sem uso. Parte dos equipamentos inclusive não será mais utilizada, de modo que a companhia pensa aproveitá-los em outras áreas. As informações foram divulgadas nesta segunda-feira pelo jornal Folha de S. Paulo.

Relatório produzido em novembro e enviado em dezembro para a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, apontou que as compras de equipamentos e obras de unidades começaram em abril de 2010, “enquanto ainda era discutido o modelo de negócios para as utilidades e para a unidade de geração de hidrogênio, essenciais para a entrada em operação da refinaria”. A expectativa da Petrobras é de que o Comperj comece a produzir somente em agosto de 2016.

Ainda segundo a publicação, funcionários da Petrobras teriam sofrido pressão das diretorias de Serviços e Abastecimento para acelerar as compras de materiais e as obras no complexo do Rio de Janeiro. As diretorias de Serviços e Abastecimento eram lideradas pelos executivos investigados na Operação Lava Jato, Renato Duque e Paulo Roberto Costa, respectivamente. O relatório relevou que “as falhas de gestão, problemas de planejamento e de coordenação na execução do projeto podem ter contribuído para facilitar a ocorrência de eventuais ações criminosas” atualmente apuradas pela Polícia Federal.

Duque informou, em nota, que os contratos foram aprovados de forma colegiada pela diretoria executiva da Petrobras, depois de parecer favorável do departamento jurídico da estatal. Já o advogado de Costa, João Mestieri, afirmou que “a auditoria foi feita de um modo que ignora o processo de aprovação de contratos na Petrobras”. Mestieri acrescentou que as contratações precisam passar pelo conselho de administração da companhia, de modo que consultores atuam apenas como consultores as operações.

Contratação irregular – Auditoria interna da Petrobras ainda mostrou irregularidade na maior contratação citada em seu relatório, no valor de 3,8 bilhões de reais, para implantação das unidades de geração de vapor e energia, tratamento de águas e efluentes do Comperj. A contratação teria sido feito em caráter de urgência em 2011 pela estatal e o consórcio TUC, mesmo diante de incertezas sobre os prazos de conclusão da refinaria. O consórcio TUC também é formado por empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato Odebrecht, UTC e Toyo.

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