No exato dia em que se completa um ano do sequestro de mais de 200 meninas na Nigéria, o novo presidente Muhammadu Buhari disse nesta terça-feira que fará o possível para localizar as garotas, mas ressaltou que não pode prometer o resgate já que há poucas informações sobre elas. Das 276 meninas que foram sequestradas em uma escola na cidade de Chibok, no nordeste do país, 219 continuam em poder dos jihadistas do Boko Haram que as raptaram.

“Quero assegurar a todos, especialmente aos pais, que quando meu governo tomar posse no final de maio faremos o possível para derrotar o Boko Haram. Atuaremos de forma distinta do governo anterior”, garantiu Buhari. O novo chefe de Estado, que derrotou nas eleições do dia 28 de março o presidente Goodluck Jonathan, não quer começar seu mandato com falsas promessas, algo que resultou em muitas críticas à administração anterior.

“A nova maneira de fazer as coisas deve começar com a honestidade. Não sabemos se podemos resgatar as meninas de Chibok e também não sabemos onde elas estão. Não posso prometer que vamos encontrá-las, mas sim que meu governo fará o possível para devolvê-las às suas famílias”, acrescentou. O novo presidente também lançou uma advertência ao grupo islamita, que conhecerá “toda a força de nossa vontade coletiva e o compromisso de erradicar o terror desta nação” para restabelecer a paz e a normalidade nas regiões mais afetadas.

Sequestros – O grupo islâmico armado Boko Haram sequestrou ao menos 2.000 mulheres na Nigéria desde o ano passado, informou nesta terça a ONG Anistia Internacional em um relatório para marcar um ano do rapto das meninas de Chibok. A ONG afirma que apurou 38 casos de sequestros em massa cometidos pelo grupo islâmico, com base em numerosos testemunhos, envolvendo especialmente mulheres e jovens.

“É difícil avaliar quantas pessoas foram sequestradas pelo Boko Haram, mas o número de mulheres adultas e menores raptadas é, sem dúvida, superior a 2.000”, informa a Anistia em um relatório. Segundo uma fonte militar nigeriana citada pela Anistia, as estudantes sequestradas em Chibok foram separadas em três ou quatro grupos, levados para diferentes campos do Boko Haram. Do total de 219 estudantes que permanecem desaparecidas, algumas estariam na selva de Sambisa, no Estado de Borno, outras nas imediações do Lago Chade e na serra entre Nigéria e Camarões, e cerca de 70 no território do Chade.

O chefe do Boko Haram, Abubakar Shekau, declarou que as adolescentes que não eram muçulmanas foram convertidas ao Islã e que todas estão casadas. Mulheres e adolescentes sequestradas em outras ações na Nigéria revelaram à Anistia que ficaram detidas em condições horríveis e foram obrigadas a casar, cozinhar e a fazer limpeza. Entre um grupo de 80 ex-reféns, 23 revelaram à Anistia que foram estupradas por seus raptores do Boko Haram. Outras afirmaram que foram obrigadas a aprender o uso de armas de fogo e a fabricação de bombas. Segundo a Anistia, mais de 4.000 pessoas foram assassinadas pelo Boko Haram no ano passado, e ao menos 1.500 no primeiro trimestre de 2015.

(com Veja Brasil / Da redação)

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