O excesso de chuva concentrada em uma ou outra região do país não leva a uma maior produção e consequente barateamento da energia elétrica no país. Segundo o gerente de operações da Companhia Paranaense de Energia (Copel), Nelson Cuquel, isso acontece porque existe uma espécie de compensação entre os reservatórios do país, com vantagens e desvantagens divididas entre todos os consumidores.

Ainda de acordo com o especialista, o esquema de bandeiras tarifárias foi implantado em 2015 para o consumidor saber a realidade do sistema em um determinado momento. “Isto não significa, no entanto, um acréscimo de custo. Este é um custo que já existia antes, mas não era sinalizado. A função da sinalização é justamente mostrar para o consumidor que convém moderar o consumo de energia”, observa.

A bandeira verde, detalha, indica uma condição de operação hidráulica favorável, com a maior quantidade de energia consumida vindo de fontes hidráulicas, mais baratas que as térmicas. A bandeira amarela, por sua vez, é sinal de que a condição não está tão favorável. “Já a bandeira vermelha, é resultado de uma situação de alerta, bastante hostil para o desejo do consumidor, que é o de ter uma energia mais barata”, aponta.

A produção e distribuição de energia no Brasil obedecem a um sistema interligado, com exceção dos estados do Amapá, Roraima e Amazonas. Como reforça Cuquel, isto serve para evitar injustiça na forma de conduzir a situação elétrica no país. “Se eu tenho muita chuva no sul e pouca no nordeste, parte desta energia é transferida para o nordeste e vice-versa.”

Neste momento, o sul de Minas Gerais e o norte de São Paulo, onde realmente acontece o armazenamento em grandes quantidades, completa o gerente da Copel, ainda precisa repor o estoque dos reservatórios. “A quantidade de chuva que temos atualmente não tem conseguido repor aquilo que precisamos na chamada ‘caixa d’água do Brasil’. É preciso muita chuva, mas espalhada por todo o país. A bandeira tarifária só vai se alterar quando tivermos uma recomposição de todos os reservatórios, não de um ou outro”, observa.

Socorro
Um dos exemplos é o da Usina de Itaipu, em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, que em função do excesso de água no reservatório teve que abrir o vertedouro várias vezes em 2015 para dispensar o excesso não usado na produção de energia e mesmo assimbateu seguidos recordes de geração, ‘socorrendo’ o sistema elétrico a pedido do Operador Nacional do Sistema (ONS).

Produzindo algumas vezes acima da potência instalada, a binacional – que em 2014 foi responsável por 14% da energia consumida no país – chegou à marca de 17% da demanda brasileira e de 75% do Paraguai, país com quem é sócio.

Por ser uma usina que opera com reservatório um pequeno volume de água se comparado à vazão do rio – do tipo fio d’água -, Itaipu não tem como “segurar” a água do Rio Paraná. Por isso, toda a água que chega até a barragem segue o curso do rio barragem abaixo, seja passando pelas unidades geradoras e produzindo energia, ou dispensada pelo vertedouro, quando há mais água do que o necessário para a geração.

O reservatório atua no sistema de cotas mínima e máxima de armazenamento. A cota máxima fica aos 220,30 metros acima do nível do mar. Até hoje, a cota mínima utilizada por Itaipu foi de 215,35 metros, em 2001, quando a binacional precisou operar em carga máxima para atender o setor elétrico brasileiro. Naquele ano, o Brasil chegou a enfrentar um racionamento de energia e a usina precisou ser acionada com maior potência.

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