A atual seleção nunca havia saído perdendo em uma competição oficial, e o fez justamente na abertura da Copa do Mundo, sob a pressão de mais de 60 mil torcedores. Só que Neymar e companhia reagiram bem a isso, provando que podem, sim, encarar grandes desafios mesmo sem a experiência de outros grupos que os antecederam. O problema é que não bastam os nervos de aço. Para sonhar com o hexa, o time precisa de mais futebol, missão verde-amarela para os próximos dias.

O teste psicológico não tem só a ver com o 1 a 0 que a Croácia fez aos 10 minutos de jogo, com o gol contra de Marcelo. O fato de ser uma estreia mexeu bastante com os jogadores, que falaram aliviados após a vitória.

“Sair atrás ninguém quer, mas acho que no fim a gente pode até fazer uma análise positiva em relação a isso. O Brasil se comportou bem e o apoio do torcedor foi fundamental para a gente expressar nosso melhor futebol. Agora acabou essa tensão, essa ansiedade e já estamos vivendo o clima de copa do mundo”, disse o goleiro Júlio César.

“É bom começar com uma vitória. Acho que estreia é sempre mais difícil. É primeiro jogo, vocêfica ansioso. Depois as coisas vão acontecer naturalmente”, disse Neymar, autor de dois gols na vitória por 3 a 1, que comemorou ter tirado “bastante” peso das costas.

O problema é que, embora tenha tido calma para reagir, o time só o fez com qualidade em metade do primeiro tempo. A dificuldade demonstrada diante da Croácia mostrou que o Brasil, ao contrário do que se poderia imaginar do time campeão da Copa das Confederações e que teve bons resultados desde então, não está totalmente pronto.

A abertura no Itaquerão deixou narizes torcidos para jogadores que até então eram certezas, como Daniel Alves e Paulinho. O primeiro abriu muitos espaços na defesa e foi pouco efetivo no ataque, enquanto o volante participou pouco da criação e sobrecarregou Luiz Gustavo. É cedo para dizer que eles estão a perigo no time, mas o sinal de alerta foi ligado, até porque o jogo contra a Croácia não foi uma má atuação isolada.

Desde que a seleção se apresentou para a Copa os dois não vêm brilhando. Paulinho, para piorar, chegou a levar um susto com um problema no tornozelo que o tirou do jogo contra o Panamá. Daniel Alves, por sua vez, tem sofrido com um Maicon cada vez mais em forma nos treinos.

O mesmo se poderia dizer de Hulk, que deixou o gramado no início do segundo tempo sem agradar. As entrevistas depois do jogo, porém, revelaram que ele estava em uma condição especial. “Hoje foi uma função tática em função do adversário. Em nível ofensivo não cheguei tanto como vinha chegando, mas defensivamente fiz o que o professor pediu e conseguimos anular uma jogada forte pelo lado direito que eles tinham”, disse o atacante, que excepcionalmente atuou pela esquerda.

Fred é outro que não foi bem, mas escapou por pouco. O centroavante não conseguiu escapar da marcação rival na área da Croácia, mas conseguiu cavar o pênalti que colocou o Brasil em vantagem. Mesmo assim, precisa melhorar sua performance para ajudar mais a equipe, ainda que não tenha um reserva em condições de ameaçar seu lugar no time titular.

Todos esses jogadores estiveram abaixo do que se pode esperar. Ainda que outros como Oscar, Neymar e Luiz Gustavo, por exemplo, tenham brilhado, a seleção ainda tem de melhorar. Felipão, ainda que prefira exaltar os pontos positivos, admite a necessidade de evolução.

“Uma das coisas que vocês e eu sempre esperávamos era o poder de reação de um grupo mais jovem como o nosso. E jogando fora dos padrões normais, tomando um gol. Tudo isso a gente viu. Evoluímos um pouquinho mais. Ainda vamos ter que melhorar bastante”, disse o treinador.

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