O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sinalizou nesta quinta-feira (2), por meio da ata de sua última reunião – quando os juros recuaram para 12,25% ao ano – que pode optar, nos próximos meses, por intensificar o ritmo de corte dos juros básicos da economia brasileira.

A definição da taxa de juros pelo BC tem como foco o cumprimento da meta de inflação que é definida todos os anos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Normalmente, quando os a inflação está em alta, o BC eleva a Selic na expectativa de que o encarecimento do crédito freie o consumo e, com isso, a inflação caia.

Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas predeterminadas pelo CMN, o BC reduz o juros. É o que está acontecendo agora. Por conta do cenário de recessão na economia, a inflação está em queda livre. Para 2017 e 2018, a meta central de inflação é de 4,5% e o teto do sistema de metas é de 6%. Na semana passada, o BC já tinha indicado que os juros podem chegar a 9,5% ao ano no fim de 2017.

Na ata do Copom, divulgada nesta quinta-feira, o BC informou que sua projeção de inflação para 2017 recuou em relação à divulgada em janeiro e se encontra em torno de 4,2% (abaixo da projetada pelo mercado, de 4,36%). Acrescentou que, para 2018, sua projeção para o IPCA – a inflação oficial do país – está ao redor de 4,5%.

“Os membros do Comitê reafirmaram o entendimento de que, com expectativas de inflação ancoradas, projeções de inflação na meta para 2018 e marginalmente abaixo da meta para 2017, e elevado grau de ociosidade na economia, o cenário básico do Copom prescreve antecipação do ciclo de distensão da política monetária [corte da taxa de juros]”, informou o BC na ata do Copom.

Em relação ao ritmo de corte de juros em relação ao ciclo (período da redução da taxa básica), o Comitê informou entender que, “para uma dada estimativa de sua extensão, uma intensificação do ritmo equivale a um maior grau de antecipação do ciclo”. “Alguns membros do Comitê ponderaram que essa estimativa de extensão poderá ser revisada também em função do grau de antecipação do ciclo”, acrescentou o BC.

O mercado financeiro ainda não projeta um aumento do ritmo de corte de juros. Na semana passada, os economistas dos bancos, em pesquisa conduzida pelo BC, estimaram que o Copom manterá a velocidade atual, e cortará os juros para 11,50% ao ano em abril, para 10,75% ao ano no fim de maio e para 10,25% ao ano em julho (já reduzindo o ritmo de corte nesta reunião).

De acordo com o Banco Central, uma “possível intensificação” da velocidade de redução dos juros “dependerá da estimativa da extensão do ciclo, mas, também, da evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco e das projeções e expectativas de inflação”.

“Assim, os membros do Comitê debateram os próximos passos [sobre o ritmo de corte da taxa de juros] e manifestaram preferência por manter maior grau de liberdade quanto às decisões futuras, a serem tomadas em função da evolução do cenário básico do Copom e dos fatores de riscos apontados acima”, informou o BC, na ata do Copom.

O Copom avaliou também que a aprovação e implementação das reformas fiscais, notadamente a reforma da previdência, além de outras reformas e ajustes necessários na economia, pode produzir uma queda da taxa de juros estrutural da economia brasileira.

“Nesse contexto, o Comitê continuará reavaliando suas estimativas da taxa estrutural de juros da economia ao longo do tempo. Essa dimensão produz mudanças menos frequentes e mais estruturais para a política monetária [decisão sobre o ritmo de corte de juros por parte do Copom]”, concluiu o Banco Central.

Por: G1

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