O presidente Jair Bolsonaro (PSL) não esconde a preocupação com a situação eleitoral na Argentina. A questão, inclusive, será tema da reunião do chamado Conselho de Governo, que acontece nesta terça-feira (13) em Brasília. Será a partir dessas avaliações que o presidente vai tirar a posição oficial do Planalto sobre o país vizinho.

Nesta segunda-feira (12), Bolsonaro afirmou que, caso a chapa de Cristina Kirchner vença as eleições, existe a possibilidade de termos “uma nova Venezuela mais ao Sul.” O presidente explicou que a alta do dólar e a queda da Bolsa diante da derrota de Maurício Macri nas eleições primárias da Argentina confirma a tendência de que o país corre sérios riscos de se transformar “numa nova Venezuela”.

Ele ressaltou, ainda, que o candidato da oposição, Alberto Fernandez – do qual Kirchner é vice – já avisou que, se for eleito, pretende rever o acordo do Mercosul. Em discurso no Rio Grande do Sul, Bolsonaro também alertou a população para o risco dos argentinos decidirem abandonar o país vizinho, migrando para o Estado. Ele fez uma referência à Roraima, que é hoje a porta de entrada dos imigrantes venezuelanos no Brasil

A preocupação do presidente com a Argentina não é nova. Ele já vinha praticamente fazendo campanha para o atual presidente argentino, Macri, que tenta a reeleição, mas garante que não pretende interferir em questões internas do país vizinho e que essa é apenas a visão pessoal dele.

Dentro do governo, o temor com uma possível vitória da chapa de Kirchner é que se crie dificuldades nas negociações de detalhes que ainda estão pendentes no acordo de livre comércio do Mercosul com a União Europeia. Uma ala do governo sinaliza até que o ideal seria abandonar o Mercosul se for confirmada a vitória da candidata.

Na área econômica, a defesa é de que é preciso analisar a questão com mais cuidado. Bolsonaro afirmou ontem que a esquerda trabalha, na verdade, pelo fim da liberdade nos países que governa. “Aqueles ‘isentões’ que ficam falando, não tem esquerda, não tem direita, não tem ideologia. Tem sim. Tem uma turma aí que quer roubar a nossa liberdade”, disse.

O porta-voz da presidência, Otávio Rêgo Barros, admitiu ontem que, com um eventual ganho de Kirchner, as relações entre os dois países pode ser abalada. “Essa preocupação está voltada principalmente ao direcionamento da política argentina, parceiro estratégico do Brasil, na contramão do desenvolvimento econômico e da liberdade de comércio.”

O Brasil assumiu, em julho, a presidência temporária do bloco econômico, e o presidente, que antes criticava Mercosul, adotou nos últimos tempos, um discurso bem conciliador. Segundo ele, a partir do momento em que a questão ideológica do bloco foi sendo alterada.

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