Em busca de uma vitória que alivie um mínimo a sua situação, o governo Temer aposta todas as fichas na aprovação da reforma trabalhista, cuja votação está prevista na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado nesta quarta-feira (28). Ciente de que será difícil conter a derrota, a oposição já prepara suas armas, como por exemplo, os votos em separados, para serem apreciados de forma paralela ao parecer do relator, Romero Jucá (PMDB-RR).

Nesse “kit oposição”, senadores do PT, PCdoB, PSB, Rede e PSOL vão usar todos os artifícios. São cinco votos em separados da oposição. Somente o apresentado por Paulo Paim (PT-RS) tem 90 páginas. O governo tem pressa e espera votar ainda nesta quarta o texto na CCJ e levar logo ao plenário. Se aprovado no plenário, ele segue então para a sanção do presidente Michel Temer. A sessão começa às 10 horas, sem previsão de término, podendo se estender até a noite.

A CCJ tem 27 senadores titulares. O governo contabiliza vitória com uma diferença entre 4 a 6 votos. Não acredita que haverá surpresas, como na votação da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), quando foi derrotado.

“Não acredito que a reforma trabalhista comece a ser votada na CCJ antes das 20 horas da quarta-feira. O governo tentará levar ao plenário até 14 de julho. Mas o certo mesmo seria deixar essa matéria para agosto e tentarmos um acordo decente sobre o tema. Porque essa proposta é indecente”, disse Paim.

Valdir Raupp (PMDB-RO) está otimista, apesar de um dos autores do voto em separado ser um colega de partido, o senador Eduardo Braga (AM), já contabilizado como uma “dissidência” da base. Ele foi ministro do governo Dilma Rousseff.

“Há espaço para a reforma trabalhista ser aprovada, até com folga de quatro a seis votos. É a conta que a base do governo está fazendo. Deverá passar na CCJ e no plenário do Senado também”, disse Raupp.

O tempo joga contra o governo. À medida que a denúncia criminal do procurador-geral da República Rodrigo Janot avança, a situação de Temer se fragiliza. Aprovar a reforma trabalhista virou questão de honra para o governo. Os opositores apostam que mesmo sem a denúncia ter sido despachada para a Câmara pelo ministro Edson Fachin, relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal, o caso já faz um “estrago” no apoio da base. O líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), reconhece a maioria do governo na CCJ, mas acha que o quadro pode mudar ainda nesta quarta.

“A conjuntura mudou e a crise se agravou. Qual o clima para se votar isso aqui? Pelos nossos cálculos, eles têm uma maioria, mas é uma maioria que pode ser modificada até a votação. Se houver clima para votação”, disse Lindbergh.

Com a aprovação da reforma da Previdência cada vez mais distante, fazer passar a reforma trabalhista já será um trunfo para o governo. Não vai salvar a lavoura, algo que ainda está bem longe.

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