Você já deve ter recebido uma mensagem no celular dizendo que Jair Bolsonaro é contra os nordestinos. São dezenas de memes, frases, montagens de fotos. Aos desaviados: é fake news. Em português claro: notícia falsa, mentira, farsa. Uma das centenas fabricadas durante a campanha eleitoral contra Bolsonaro, Fernando Haddad e outros candidatos.

A despeito disso, a Folha de S. Paulo fez um escarcéu hoje contra o candidato do PSL. Está estampado na manchete: “Empresas bancam disparo de mensagens anti-PT nas redes”. Imediatamente, Haddad foi ao Twitter e escreveu que Bolsonaro “criou uma organização criminosa de empresários que, mediante caixa 2, está espalhando via WhatsApp mensagens mentirosas”. E, por isso, ele vai pedir providências para a Justiça Eleitoral e Federal “para que estes empresários sejam imediatamente presos para parar com essas mensagens de WhatsApp”.

O texto da Folha deixa claro: “Empresas estão comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp e preparam uma grande operação na semana anterior ao segundo turno”. O empresário acusado negou que tenha feito isso, mas, mesmo que seja verdade o que foi dito, nada foi consumado. Isto é, a tal ação, se viesse a ocorrer, seria apenas na semana que vem.

Mas o que fez Haddad? Tratou de criar um fato político, com o apoio do Departamento de Propaganda do PT na imprensa, para tentar melar um pleito que caminha para ser o enterro dele e da turma que, como disse Cid Gomes, acha que “o Brasil tem dono”.

Numa campanha marcada pela polarização entre brasileiros e discussões nas redes sociais, atribuir crime a um candidato por mensagens que são enviadas em WhatsApp é no mínimo ridículo. É pavimentar um golpe na democracia.

O PT, do alto de sua irresponsabilidade, coloca em risco o processo eleitoral e o governo eleito, seja ele qual for. Sim, é isso: até mesmo um eventual governo Haddad estará sob risco, se levadas em consideração as acusações de hoje dos petistas. A partir do momento em que Haddad transfere a responsabilidade por essas mensagens a Bolsonaro, assume automaticamente a autoria das centenas de fake news criadas pela esquerda contra o candidato do PSL, como os tais ataques a nordestinos, a farsa de que Bolsonaro ia acabar com 13º salário e acusação de que prenderia homossexuais.

Não é demais apontar que ninguém está mais autorizado a falar sobre fake news do que o PT, na história recente do País. Desde muito tempo, o Partido dos Trabalhadores usa como ninguém o falso como verdadeiro. Quem não se lembra do lixo produzido contra Marina Silva em 2014, em situação parecida com a atual, quando tudo indicava que a candidata do PSB iria tirar Dilma do Palácio do Planalto?
Virou antológico o anúncio feito pela equipe do marqueteiro João Santana (preso pela Lava Jato) em que um grupo de endinheirados aparece em uma reunião de negócios e, logo depois, uma família se prepara para jantar quando os pratos somem.

Marina, que por décadas militou no PT, foi acusada de ser aliada dos bancos. Ia roubar dos pobres para encher a pança dos ricos. Não houve compaixão. Sem forças para reagir, foi destroçada por uma propaganda enganosa. E tudo pago com dinheiro da corrupção. Assim, é o PT.

Para vencer, vale qualquer coisa, mesmo que se seja preciso enganar o povo descaradamente. Mesmo que seja no tapetão.


 

Por Domingos Fraga
Domingos Fraga possui passagens pelas principais redações do País, numa trajetória vitoriosa e eclética em jornais impressos, revistas, televisão e internet. Começou como repórter policial, escreveu sobre economia, comandou a revista Quem, foi redator-chefe da revista IstoÉ e chefiou a redação do Jornal da Record. Com essa experiência, foi ainda professor de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero de São Paulo, uma das mais respeitadas do País. Na coluna, Fraga exibe seu senso original para noticiar o que realmente importa no País.

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